[sonhar a memória. senti-la. perceber o espaço e fazer durar o mundo nesse segundo. aspirar o tempo das coisas sentidas. vivê-las enquanto duram em nós. o que é a realidade? o que é a culpa? o que é o desejo? o que é a vida? o corpo morre-me. é na garganta que o peito asfixia. quero mostrar-te uma coisa. é aqui que estou. um lugar morto, com o excesso de toda a realidade. um lugar pequeno onde não cabe a grande alma. vem. quero mostrar-te mais. arde aqui um amor solitário que pensei profundo, mas que se manifestou maior. estrangulo-o todas as manhãs para que não viva, mas ressurge no tempo seguinte com um fôlego que pulsa, assombra e engole-me com a força de muitas águas. sai de mim, disse-te num misto de ordem e prece, e neste pesadelo do sentir quis arrancar a metade do poema, mas continuas a olhar-me e há um prazer sombrio nos sentidos que me faz sorrir.]

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