Hoje disseram-me triste. A verdade é que me sinto profundamente sombria, cansada, ardida na pele e na alma, mas não sabia que era a tristeza que me definia agora. Foi sempre a gargalhada, foi sempre o sorriso, a alegria de viver a traduzir o que sou ou o que era. Soa-me legítimo perguntar se sou eu que insisto em viver, se não devia ter abandonado o palco, saído de cena ou, então, diminuir-me num qualquer papel secundário satisfeito. Nunca fui triste. Lutei uma vida contra a amargura e talvez me tenha esquecido de lutar contra a tristeza. 

Há um rasto de cansaço a acontecer. Sinto-o. O riso e o choro a alojarem-se nos dias passados, as histórias a acomodarem-se na alma. Acumulam-se nos ossos as memórias e as ficções, pesam-me. Há memórias que custam a lembrar. Há ficções que se reinventam. Tenho para mim que a derradeira noite chega quando o corpo sucumbe ao peso de uma simples história, uma brevíssima história, e não há espaço para mais uma manhã.











Comentários

Mensagens populares