[Vejo a vida dos outros a acontecer numa outra dimensão, à distância, tu já desse lado, eu perdida sem saber regressar, a bater a porta, a ter de enfrentar o passado e o futuro acomodados no sofá cinzento, sem saber o que fazer à cama ainda a aguardar os corpos, sem saber o que fazer à vida. Eu, presa nessa dimensão temporal, a pensar que o dia a seguir nunca será futuro. O salto perturba-me. Não vou conseguir o lanço necessário para pisar solo firme, não sei sequer o que fazer nesse solo e se alguma vez ele voltará a ter essa forma segura, firme. Como é possível que o dia a seguir não seja futuro? Desassossego-me com devaneios inúteis e aborreço-me muito por isso. 


A epistemologia do sentir a incomodar-me em altura má, a preparar terreno para um novo paradigma e eu sem paciência, sem vontade de ver crescer em mim o que quer que seja. Quero o passado, um qualquer passado em paz, sem surpresa. Que maçada tão grande a surpresa, que cansaço me dá pensar a novidade a entrar pela porta acabada de fechar.]

 

 







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