Regressei ao souk, em Chefchaouen. Sei que se tratou de um devaneio, de uma viagem breve, um pensamento, mas o regresso aconteceu. Houve a mesma intensidade de cheiros, a explosão de azul e, na hora certa, ouvi a chamada à oração. Passei por um grupo de mulheres cobertas que me devolveram o sorriso. Na esquina, o vendedor de anéis berbère mantinha o seu ar tranquilo e os olhos meigos. Um aroma adocicado aproximou-me da mesa na esplanada central. Vi-me ali sentada, a ler Duras, e a bebericar o chá de menta. Percebi-me claramente feliz, inteira, a fazer durar o momento e a assegurar o lugar nessa hora mágica, dourada. Não sei qual a viagem mais intensa. Se a real ou esta, assim nostálgica, a contar-me a vida na sua essência. Encontrei homens bons ali. Recordo-me que pensei nisso, entre frases do livro e um esgar satisfeito ao contemplar a praça. Recordo-me tão bem. Somos tantos, tão diferentes, mas é a genuinidade de um afecto que nos eleva. Nunca haverá raças ou povos. A única distinção será sempre entre homens que amam e homens que se demitem de amar.




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