Sou agora um poema, um espaço etéreo, o pensamento de uma ilusão que foi sonho feito carne, feito grito, feito riso. Existo nesse minuto exíguo onde fiquei a aguardar o minuto seguinte e a pele estremece muito na delicadeza desse pensar. Procuro captar a imagem da memória. Fotografo esses dias nos meus olhos. Vejo num olhar afastado e sorrio com um sorriso velho de quem se reconhece criança sob a doçura sombria de um amor que não pertence aos homens. Serei anjo sem direito à queda habitando-me por detrás de uma eternidade triste. Aceno como quem diz adeus, despeço-me como quem abraça um quase milagre, uma canção suspensa, e se abandona na força gravitacional nula de um universo em implacável movimento. [e se nunca existiu o sonho, que permaneça em mim o pretérito da ilusão] 





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